Tuesday, June 30, 2009
Triste
Só basta o ponto final. Escrever tantos climaxes me exauriu. Sem fôlego para mais palavras, sem tempo para mais vírgulas, sem inspiração para reticências. Só me basta o ponto final. Me abstenho de escrever um epílogo, o título é triste, o prólogo, doloroso... pouparei o final. Não vale a pena arrancar mais lágrimas dos personagens. Nessa história já fui príncipe, e caí do cavalo. Fui o bruxo malvado, e o feitiço se virou contra mim. Meu amor mora em um reino muito muito distante, a torre alta e sombria desmoronou sobre mim. Minha fada madrinha perdeu sua varinha, e a madrasta malvada me expulsou de casa. Meu cenários não são vales encantados, são fundos de poços. Quando rei, destronaram-me. Quando herói, desprezaram-me. Quando vilão, enforcaram-me.
Só me basta o ponto final. Só me resta o ponto final. Fim.
Te
Sunday, June 28, 2009
Medo.
Thursday, June 25, 2009
.damn play
Monday, June 22, 2009
Entretenimento
Pergunto-me todo momento quão quente é o fogo do inferno. Já que me condeno a ele a cada segundo, melhor saber o quanto vai doer. Quis provar um pouco de veneno para saber se a morte vale a pena, e acabei viciando. Experimentei – talvez sem querer, talvez não – todos os pecados capitais, e acabei inventando um novo tipo de heresia. Mais do que ser injusto, vaidoso, guloso; mais que negar o pão ou vender o corpo, divertir-se com sentimentos é coisa do diabo. Mato-me pouco a pouco enquanto machuco os outros. Apodreço enquanto faço a alma alheia chorar. A minha sorri amarelo e meus olhos já não são janelas, são poços. Ou fossas, como preferir. Tudo em mim é pútrido. Mascaro o cheiro de putrefação com o perfume barato do meu grande ego forjado. Por fim ainda me pergunto: será o inferno tão quente para mim? As nuvens brancas do paraíso parecem tão acolhedoras, porém cada vez mais distantes. Engulam-me logo, chama infernais, desde que me dêem um coração para brincar.
Envelheça
Maldita seja a adolescência. Maldita seja a puberdade, os hormônios e os conflitos intrínsecos a eles. Chega, já basta! Não acha que está na hora de crescer? Parar de viver sozinho e aprender a viver com você mesmo.
Você não se suporta. Claro que não! Ninguém te suporta. Ninguém aguenta ficar perto de você. Teus professores te odeiam, teus pais não sabem mais o que fazer. Nem teus amigos te suportam. Eles fingem querer ficar próximos de você para que você faça o mesmo. É claro que você não se suporta.
Ah, adolescente víbora! Só abraça teus pais quando precisa de alguma coisa. Finge que não sorri para manter a pose de incompreendido. Queima os dedos com cigarro tentando fumar, só para dizer que a vida é uma desgraça e que está muito estressado, e precisa disso para se acalmar. Brinca de crise de identidade e vazio existencial. Toma calmantes fracos e bebidas fortes. Faz sexo promíscuo, beija outros rapazes, bate a porta do quarto. Se sente maduro assim? Nem seu irmão mais novo faz isso.
Pare de fingir que é rebelde. Não faça essa cara de quem passou a noite bebendo e trepando. Não me olhe com essa expressão de quem quer me ver morrer. Não me venha com essa de que não quer mais viver, de que odeia sua família e que sua casa é um inferno.
Acorde, seu imprestável. Abaixe essa maldita música que nem você agüenta ouvir. Apague essas estas imagens bizarras que você usa para tentar me chocar. Tenta encher a cabeça de conteúdo, a vida de sentimentos, mas seu objetivo é vazio. Não use palavras mórbidas para descrever-se e pare de escrever esses malditos textos superficiais com metáforas morféticas. Sua poesia não é poesia, sua música não é música. Seu humor ácido é sem graça. Suas tatuagens vão borrar e seus piercings vão infeccionar. Esses cigarros vão te dar um tumor, e sua petulância vai te fazer levar umas bofetadas.
Hunf, seu pária. Faça algo de útil para a sociedade, vá trabalhar. Tire essas roupas escuras e corte esse cabelo. Pare de passar lápis no olho e usar esses óculos ridículos. Apague esse incenso e acenda uma vela, quem sabe sua alma seja salva. Olhe-se no espelho, essa não é sua identidade! Sua identidade é aquela que te dão na delegacia, honre o nome de teus pais.
Agora chega. Cresça. Tenha responsabilidades. Controle suas emoções. Ou melhor, reprima-as. Pare de sonhar. Tire a cabeça das nuvens e coloque o pé no chão. Abra os olhos e feche a boca. Pare de gritar e fique quieto. Seja menos impulsivo e seja mais coerente. Olhe menos para as paisagens e foque-se no caminho. Faça planos menos mirabolantes, seja mais sensato. Arranje um emprego que te dê estabilidade, e não fama. Não fique sonhando com viagens e preste atenção nos estudos. Desista de procurar um romance e ache alguém que te ajude a construir uma vida decente. Deixe de ir ao psicólogo para tratar de conflitos, e vá ao psiquiatra tratar de depressão. Largue de ser um adolescente vazio e torne-se logo um adulto vazio. Como eu.
Sunday, June 21, 2009
Mancha Seca
Amanhã tudo será diferente. Não importa o quanto nos esforcemos para deixar tudo igual, ou nosso anseio para que dure, tudo muda. Ainda que o Sol brilhe para todos, ele nunca nasce igual. A cada volta que o mundo dá, a cada passo do ponteiro, há mudanças. Os segundos nunca são os mesmos e nenhum instante é para sempre. Nenhuma alegria é um final feliz e não há ferida que não cicatrize. A lágrima salgada cura e no escuro não se vê os machucados. Por mais difícil que seja admirá-lo, é lindo o vermelho do sangue. Mas amanhã ele não mais escorrerá do corte. Será uma mancha seca. Amanhã ainda haverá dor, mas tudo será diferente. Amanhã tudo muda. Como da água para o vinho.