- Eu sou só o carinha que você quer ficar?
- Não – respondi, achando a pergunta boba – quero que você seja meu.
- Então vamos devagar.
- Então você é só o carinha que eu quero ficar.
E fizemos um sexo ótimo.
Sentei na cama meio sem rumo. Sabia que a cama estava mais vazia que a noite passada. Ele tinha um corpo tão escorregadio quanto branco. No criado mudo duas taças machadas de vinho e um maço de cigarros vazio. Senti um pouco de desespero pela falta do corpo esguio que deveria estar lá. Deve estar fazendo o café.
No espelho do banheiro, um bilhete grudado:
Gostaria de ter feito seu café, mas isso é coisa para marido. Eu sou só o cara que você queria ficar. Talvez eu seja um amante hollywoodiano.
- Ora, não seja bobo – pensei. – É claro que eu te quis pra sempre. Não sabia se chorava ou deixava passar. Ou me jogava pela janela. Fui fazer café.
E ele estava sentado no balcão da cozinha, só de cueca branca – não tão mais branca que sua pele – com uma xícara de café. Talvez ele fosse um amor hollywoodiano.
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