Thursday, August 13, 2009

Hollywoodiano.

- Eu sou só o carinha que você quer ficar?

- Não – respondi, achando a pergunta boba – quero que você seja meu.

- Então vamos devagar.

- Então você é só o carinha que eu quero ficar.

E fizemos um sexo ótimo.

Sentei na cama meio sem rumo. Sabia que a cama estava mais vazia que a noite passada. Ele tinha um corpo tão escorregadio quanto branco. No criado mudo duas taças machadas de vinho e um maço de cigarros vazio. Senti um pouco de desespero pela falta do corpo esguio que deveria estar lá. Deve estar fazendo o café.

No espelho do banheiro, um bilhete grudado:

Gostaria de ter feito seu café, mas isso é coisa para marido. Eu sou só o cara que você queria ficar. Talvez eu seja um amante hollywoodiano.

- Ora, não seja bobo – pensei. – É claro que eu te quis pra sempre. Não sabia se chorava ou deixava passar. Ou me jogava pela janela. Fui fazer café.

E ele estava sentado no balcão da cozinha, só de cueca branca – não tão mais branca que sua pele – com uma xícara de café. Talvez ele fosse um amor hollywoodiano.

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